Homenagem ao Arcebispo Emérito: conheça mais sobre Dom Eurico dos Santos Veloso

dom eurico 2O Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, Dom Eurico dos Santos Veloso dedicou a maior parte dos 90 anos de vida ao serviço a Deus. Como profetizado no nascimento: “esse aqui vai ser um padre”.

Ele se tornou padre, arcebispo, referência na formação de novos sacerdotes e construiu um legado pautado no desejo de sempre evangelizar a toda gente.

Agora, como homenagem a seu serviço em prol do Reino de Deus, trazemos a entrevista exclusiva dada por ele por ocasião de seus 90 anos de vida, em abril deste ano, para o Jornal Folha Missionária.

Como surgiu, em sua vida, o chamado à vocação sacerdotal?

Sou natural de Juiz de Fora, nascido no Distrito de Sarandy, hoje Sarandira. Tive mais 6 irmãos. Meus pais sempre demonstraram uma operante fé em Deus, não só com as simples e fervorosas orações diárias, que as rezo diariamente, mas também na prática do servir, pois papai foi sempre o sacristão da Igreja Matriz, sabendo ajudar nas celebrações sacramentais, ainda na língua latina, e em outros serviços eclesiais. Mamãe, membro do Apostolado de Oração, coordenava a limpeza e ornamentação dos altares. A minha Primeira Comunhão se deu quando tinha 7 anos e, em seguida, me tornei “coroinha”. Na Escola local, tive ótima professora que não se descuidava de uma boa catequese infantil. Na medida em que podia e tinha condições, ajudava em casa no que era determinado pela minha mãe e a meu pai, que confeccionava colchões, esteira de taquara e era o encarregado da parte elétrica do Distrito. Foi nesse ambiente religioso que iniciou a primeira “ideia” de ser padre. Em 1946, para terminar o curso primário, tive que vir para Juiz de Fora. Trabalhava em casa de alguma família conhecida e estudava no curso noturno, nos “Grupos Centrais”, área reservada ao “Estêvão de Oliveira”. Tive um ótimo professor de Religião, sr. Wilson de Lima Bastos. Terminado o 4º ano, comecei a trabalhar numa padaria e depois em uma fábrica. Frequentava a Comunidade da Igreja da Glória e ajudava nos cuidados gerais na Igreja de São Roque. Participava da Congregação Mariana da Catedral, quando seu presidente me per- guntou: “você quer ser padre?”. E deu-me o livro: “O que é ser padre”. Lí a obra e refleti com muita atenção, rezando e até mesmo fazendo algum sacrifício, penitência, para dar um “SIM”, se esta fosse a vontade de Deus. E foi assim que procurei orientar-me com o Pároco. Depois de ter comunicado a meus pais a minha decisão, fui aceito pelo Reitor, Pe. Wilson Valle da Costa, e ingressei no Seminário Menor Santo Antônio, iniciando o denominado Curso Ginasial. Jamais me arrependi deste “SIM”, apesar dos obstáculos surgidos. No Seminário, muito me encorajou foi o exemplo de seminarista surdo, Vicente Penido Burnier, que, terminado os Cursos de Filosofia e Teologia, aguardava a licença do Papa Pio II.

Qual é a importância de Dom Justino José de Santana, primeiro bispo de Juiz de Fora, em sua trajetória vocacional?

Conheci a Dom Justino pela sua presença frequente no Seminário e quando estava com ele, ajudando na celebração da Crisma. No tempo em que com ele eu convivi, sempre me chamou a atenção: o seu grande amor ao Seminário, à construção da Catedral, a ter o jornal diocesano “O Lampadário” e ao Patronato São José; o seu cuidado com a continuidade da formação do Presbitério; as suas constantes e frequentes Visitas Pastorais, ou celebrações da Crisma, tendo contato com todos os fiéis diocesanos; o seu relacionamento simples, a sua acolhida paterna e fraterna aos seminaristas, aos padres e ao povo de Deus; e seu espírito de pobreza, que era invejável.

Qual é o sentimento que aflora ao completar 9 décadas de vida, das quais mais de 60 anos são dedicados ao serviço em prol do Reino de Deus?

GRATIDÃO: a Deus, à intercessão constante de Maria, Mãe de Cristo (Senhora do Livramento, das Mercês, da Luz); à proteção de Santa Teresinha de Lisieux, à Santa Rita, a São João Paulo II; ao auxílio dos fiéis colaboradores, paroquianos e diocesanos. Por isso, hoje, como emérito, a minha primeira obrigação é a Ação de Graças por tudo o que aconteceu no meu ministério paroquial e diocesano.

Em 90 anos de vida, o sr. acompanhou o crescimento da Diocese de Juiz de Fora, que completará 100 anos em fevereiro de 2024. Em sua opinião, quais são as principais marcas da história de nossa Igreja Particular?

Embora, quando foi criada em 1924, era bem maior que nos dias de hoje, sempre teve um pastoreio seguro e fiel, um presbitério unido, suficiente e obediente às normas eclesiais e poucos abandonaram o ministério presbiteral. Acolheu sempre as Congregações Religiosas que tiveram a Sede de suas Comunidades ou Paróquias sob a Jurisdição do Bispo local. A não ser o primeiro Bispo, Dom Justino, os demais tiveram um tempo menor, também eficiente, no pastoreio. Com relação ao Laicato, sempre teve sua voz e vez através dos Conselhos Diocesanos e Paroquiais e do próprio Conselho do Laicato constituído nesta Igreja Particular. O mesmo se diz das Associações Pastorais, Grupos de Serviços, CEBs, Comunidades laicais de Sede ou de Aliança.

O senhor tem muitas histórias para contar de seu pastoreio e também construiu novas narrativas na Arquidiocese de Juiz de Fora. Alguma delas ficou mais presente em sua lembrança?

A instituição, formação e ordenação dos primeiros 25 Diáconos Leigos na Arquidiocese. A tentativa de experimentar a formação presbiteral e ordenação de vocacionados adultos, médicos, professores, ou Arrimos de Família (impedidos de passar pelo Seminário, em regime de internato) com um Curso Presbiteral complementar, especializado, sem residir no Seminário, mas tendo reuniões de formação, retiros espirituais periódicos e acompanhados pelos respectivos párocos, e ordenados depois de um ano dedicado totalmente à pastoral eclesial diocesana. Visava, com esta experiência, a formação de padres para as Dioceses da Amazônia.

Fonte: site da Arquidiocese de Juiz de Fora, com colaboração da Folha Missionária e Rádio Catedral de JF

 

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