Dicastério para a Comunicação publica livro para ajudar nestes tempos de tribulação

livroEste livro pretende ser uma pequena ajuda oferecida a todos, para poder ver e experimentar na dor, no sofrimento, na solidão e no medo a proximidade e a ternura de Deus.

O Dicastério para a Comunicação da Santa Sé lançou junto com a LEV, Livraria Editora Vaticana o livro “Fortes na tribulação. A comunhão da Igreja ajuda em tempos de provação”, que pretende "ser um pequeno auxilio oferecido a todos, para poder ver e experimentar na dor, no sofrimento, na solidão e no medo a proximidade e a ternura de Deus".

O grave momento no qual muitos países do mundo mergulharam - escreve no prefácio o diretor Editorial do Dicastério, Andrea Tornielli -, devido à rápida propagação da Covid-19, coloca-nos todos à prova. Infelizmente, sabemos que esta crise não vai ser resolvida rapidamente e que a pandemia está a alastrar-se. Estamos perante uma situação que até há algumas semanas parecia inimaginável, como o cenário de um filme de ficção científica. Tudo mudou de repente, e o que anteriormente tínhamos por certo parece vacilar: a forma como nos relacionamos com os outros no trabalho, a gestão dos afetos, o estudo, a distração, a oração e a possibilidade de participar na missa... Contudo, o mais grave é que esta epidemia - como qualquer outra - não é apenas uma ameaça aos hábitos consolidados, mas é sobretudo a causa de tanta morte, dor e sofrimento. Milhares de pessoas ficaram gravemente doentes, faleceram. Muitas famílias choram os seus entes queridos, dos quais não puderam estar próximas, aos quais não puderam dizer adeus e que foram cremados sem a celebração de um funeral. Característica da morte na época da Covid-19 é precisamente a solidão, a impossibilidade de ter ao nosso lado os entes queridos, a impossibilidade de receber os sacramentos, de se confessar, de ser acompanhado até ao último suspiro por uma voz amiga a não ser a dos médicos ou enfermeiros que trabalham nas unidades hospitalares até ao extremo das suas forças. Precisamente a eles transmitimos a nossa gratidão, porque lutam todos os dias na linha da frente pela vida das pessoas.

Igualmente, devem 4 ser recordados os responsáveis pela segurança pública, as pessoas que trabalham nas atividades estratégicas da coletividade, os muitos voluntários que continuam a ajudar os mais necessitados, os idosos sozinhos, os pobres. Também devem ser recordados os numerosos sacerdotes, religiosos e religiosas que partilham o sofrimento do seu povo: muitos sacrificaram a própria vida. Para tantos crentes, a impossibilidade de participar na liturgia e nos sacramentos agrava a situação de perplexidade, desânimo e abatimento, embora a Igreja nos exorte a renovar a nossa fé em Cristo Ressuscitado, que venceu a morte e a tornou um lugar de encontro seguro com o rosto bondoso do Pai.

No entanto, é útil recordar - continua Tornielli - que esta não é certamente a primeira vez que a humanidade, e os cristãos, se devem confrontar com acontecimentos deste tipo. A fé cristã, vivida diariamente nos seus elementos essenciais, gera um olhar sobre a realidade, a possibilidade de ver nela a mão de um Deus que é Pai bondoso e que nos amou de tal modo que sacrificou o seu Filho por nós. Assim a Igreja conserva no tesouro da sua tradição viva, um tesouro de sabedoria, de esperança, de oportunidade para continuar a experimentar - na solidão e às vezes até no isolamento - que deveras somos “um só” graças à ação do Espírito Santo.

O texto está dividido em três partes. Na primeira encontramos orações, ritos, súplicas para os momentos difíceis. São textos que provêm de diversos contextos eclesiais, pertencentes a diferentes épocas históricas e, por isso, podem ser mais uma fonte de partilha em nível da Igreja universal. Há orações pelos doentes, pela libertação do mal, para se abandonar com confiança à ação do Espírito Santo. Depois há uma segunda parte, que reúne as indicações da Igreja para continuar a viver e a acolher a graça do Senhor, o dom do perdão e da Eucaristia, a força das celebrações pascais, ainda que não possamos participar fisicamente dos sacramentos. Por fim a terceira parte, que reúne as palavras que o Papa Francisco pronunciou a partir de 9 de março passado para ajudar toda a comunidade eclesial neste tempo de provação: são sobretudo as homilias diárias da Missa em Santa Marta e os textos do Angelus dominical.

Ouvir a sua palavra ajuda-nos a refletir e esperar, faz-nos sentir em comunhão com Pedro e unidos a ele. Este livro, que o Dicastério para a Comunicação da Santa Sé decidiu preparar pondo-o à disposição de todos, tem uma característica fundamental: é constantemente atualizado à luz dos novos pronunciamentos do Papa e da “redescoberta” de outros tesouros da nossa tradição eclesial.

Portanto, o livro será publicado no site da Livraria Editora Vaticana em PDF e poderá ser baixado gratuitamente. No entanto, será atualizado várias vezes por semana, e estará novamente disponível para download na versão atualizada, com o acréscimo dos novos textos.

Na capa há uma imagem do Arcanjo Miguel, que protege a Igreja contra o mal e nos ampara nesta difícil provação, a fim de que este mal não prejudique a nossa confiança no Pai e a solidariedade entre nós, mas que se torne uma ocasião para olharmos para o que é deveras essencial nas nossas vidas e para partilharmos o amor acolhido por Deus entre todos nós e, especialmente, com aqueles que hoje mais precisam dele.

Eis o link para baixar o livro:

https://www.vaticannews.va/content/dam/lev/forti-nella-tribolazione/pdf/port-/Portoghese_15-maggio.Forti-nella-tribolazione.pdf

Fonte: site Vatican News

5 anos da Laudato Si’ – A encíclica celebrada na vida dos jovens da Igreja no Brasil

SEMANA-LS2020-ID news2-757x450-1-e1589994436453“Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos”, escreveu o Papa Francisco na encíclica Laudato Si’, que completa cinco anos no próximo domingo. O texto, que dá novo impulso ao cuidado com a vida no planeta e educa para a compreensão de que “tudo está interligado”, tem animado jovens do mundo inteiro a se empenharem em ações no cuidado da casa comum.

No Brasil, não seria diferente. Com articulação do Movimento Católico Global pelo Clima, integrantes da Pastoral Juvenil e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil) participam de ações da Semana Laudato Si’, como forma de destacar a importância das mudanças climáticas e suas implicações nas relações sociais.

A Semana Laudato Si’ quer celebrar, avaliar e promover maior conhecimento da urgência do tema. Entidades do mundo todo estarão mobilizados nesta semana para compartilhar informações sobre ações realizadas a partir da encíclica e outras iniciativas ecológicas.

Os jovens podem realizar encontros online a partir de roteiro preparado para esta semana, além de acompanharem debates e aprofundamentos, como uma live que ocorrerá no Instagram da Repam-Brasil com as juventudes da Amazônia. Também o projeto Papo em Rede – diálogos que geram transformação terá a Semana Laudato Si como tema, com debate realizado pela assessora da Repam, Moema Miranda, e pelo coordenador do Movimento Católico Global pelo Clima em países de língua portuguesa, Igor Bastos. Para fazer inscrição, clique aqui.

Um dos participantes da live da Repam-Brasil será o jovem Diego Aguiar, que é agente de pastoral marista, em Manaus (AM), e um dos articuladores do eixo de Formação e Métodos Pastorais da Repam. Ele partilha um pouco da experiência de trabalho a partir da inspiração e animação da Laudato Si’.

Um dos principais articuladores da Semana Laudato Si’ com jovens e adultos do mundo inteiro, o Movimento Católico Global pelo Clima propôs um momento de reflexão e oração para discernir sobre as lições deste momento: “Enquanto o mundo enfrenta uma crise histórica, nós refletimos e nos preparamos para construir um mundo melhor”.

No endereço laudatosiweek.org/pt é possível saber mais sobre a iniciativa de oração, reflexão e formação, além de acompanhar os eventos agendados no mundo inteiro. O site também oferece materiais para compartilhamento nas redes sociais.

“A Laudato Si’ foi acolhida como um documento profundo e cheio de beleza, e impulsionou pessoas ao redor do mundo a refletirem mais profundamente sobre o Criador e a criação. A sua visão da ecologia integral, que vê as conexões entre como tratamos Deus, a natureza e uns aos outros, nos oferece verdades simples porém profundas sobre os laços que nos unem”.

Fonte: Site da CNBB

Sacramentos online? Entenda porque não

98061298 2867072596673988 5714559119537471488 nÉ possível se confessar por telefone? Como não posso viajar, é possível ser padrinho acompanhando o batismo pelo skype? Qual a possibilidade do matrimônio online? Estes foram alguns dos questionamentos surgidos neste período de igrejas fechadas devido à pandemia. Mas, a internet pode servir para muitas coisas, mas não para administrar Sacramentos, que precisam de matéria, forma e ministro.

A pandemia de Covid-19 provocou, entre outras coisas, o fechamento de locais de culto e a proibição de aglomerações, com o consequente impedimento aos fiéis de se aproximarem dos Sacramentos, e em muitos lugares, de participar dos funerais de seus entes queridos. Muitas chaves de leitura, iniciativas e encorajamentos foram oferecidas para ajudar a superar esse momento.

Não faltaram questionamentos, por exemplo, sobre o porquê não fazer confissões por telefone, ou mesmo casamentos e batizados online. Padre Alexandre Boratti Favretto, doutorando em Teologia Dogmática na Pontifícia Gregoriana, em Roma, nos ajuda a entender quais são as condições necessárias para um Sacramento se realizar:

"Se a gente pega os Sacramentos, em geral, os sete Sacramentos como são estabelecidos pela Igreja, eles têm três coisas essenciais: a primeira delas, a matéria, a segunda a forma e a terceira é o ministro e a intenção do ministro. E o que isso significa? Primeiro: matéria. A matéria é o símbolo palpável, concreto, utilizado no Sacramento. Então, um exemplo: no Batismo. Qual que é a matéria? A água, a luz, o óleo. Na Eucaristia, o pão e o vinho; na Confissão há a benção; no Matrimônio, a benção nupcial, o consentimento, a aliança mais propriamente dizendo. Então a matéria é essa perspectiva sensível, a gente chama, do Sacramento. Sensível por quê? Porque você pode tocar, você pode ver, você tem contato material, um contato sensível, que você pode sentir, essa é a matéria. Então todo Sacramento tem isso. E com isso você já vai imaginando um pouco assim: a virtualidade dessa matéria não é possível de acontecer. Então já aqui a gente vê que já começou dificultando a realização virtual de um Sacramento, uma vez que ele exige matéria, ele exige o aspecto sensível, coisa que pelo computador é impossível. Então já aqui, a rigor, está respondida a pergunta, mas vamos continuar, porque dá para a gente aprofundar isso aqui. Então assim, pelo virtual não há o aspecto sensível, material que é essencial para o Sacramento. Então, matéria.

Forma

Segundo aspecto, a forma. O que é a forma? É a palavra, são os ritos, são as leituras, são as orações, o que é dito. Então na oração você tem na Missa, no Sacramento da Eucaristia a Oração Eucarística, as fórmulas sacramentais. No Sacramento do Matrimônio, você também tem todo o rito, as orações, a liturgia da Palavra. Batismo, a mesma coisa. Então a forma é a palavra, o que é dito, o que é falado, o que é celebrado, a partir dessa verba, da palavra dita e celebrada.

O ministro e a intenção do ministro

E o terceiro aspecto que é o ministro, que é a intenção do ministro. O que envolve isso? A presença do ministro ordenado, do sacerdote, e a intenção dele de realizar o Sacramento em nome da igreja. Ou seja, o ministro não vai realizar algo que é da cabeça dele, mas ele vai realizar algo que é próprio da Igreja, então ele está agindo na pessoa do Cristo, in Persona Christi, para realizar algo que é próprio da fé da Igreja e como a Igreja determinou. Alguém pode dizer assim: “Mas às vezes não é só o padre que faz um casamento, pode ser um diácono, alguém delegado, o mesmo com o batismo”. Isso é verdade. Existem alguns Sacramentos nos quais isso é possível, inclusive são esses dois: o batismo e o matrimônio, mas que só são possíveis através de uma delegação do ordinário, que é o bispo. Quer dizer, a pessoa vai ali realizar aquele Sacramento, mas ela está agindo delegado pelo bispo, pelo padre, nesses dois que existe a possibilidade, e a pessoa delegada significa presença daquele próprio que a delegou.

Então, de qualquer forma a presença do ministro continua sendo necessária, seja ministro ordenado, o padre, seja nesses casos em que é possível um leigo ou um diácono realizar o Sacramento que é o batismo e até um matrimônio a partir de uma delegação, mas precisa dele, de alguém ali, não pode ser feito sem, ou virtualmente. Não, tem que ser a presença ali e agindo sempre com a intenção de fazer aquilo que a Igreja faz e acredita.

Então essas três essencialidades de um Sacramento, já testemunham contra a possibilidade virtual da celebração sacramental, porque exige matéria, forma, ministro e intenção do ministro, como eu acabei de explicar.

Confissão

E aí nós vamos, para continuar aqui a reflexão no seguinte - com relação sobretudo à confissão, podemos dar um foco nisso, porque a demanda deve estar sendo grande - a questão da confissão. Até aqui entendido que para um Sacramento não é possível devido a essas exigências sacramentais a realização virtual, porque precisa de matéria, forma e ministro. Como proceder?

Contrição perfeita

Aí o Papa, o Santo Padre o Papa, já nos deu a oportunidade de retomarmos algo que é próprio do Catecismo da Igreja Católica, que está previsto pela doutrina católica. E o que é isso? A chamada contrição perfeita, que pode ser realizada nas denominadas situações de exceção. Ou seja, a pessoa precisa se confessar, ela tem um pecado em que ela precisa se confessar, não tem a possibilidade de realizar o Sacramento. Qual é a solução prevista pelo Catecismo da Igreja Católica? A contrição perfeita, que perdoa o pecado e devolve para a pessoa denominada graça santificante. Vou destrinchar isso, mas é importante saber desse contexto. Então existe essa possibilidade prevista pela doutrina da Igreja: contrição perfeita em situação de exceção, ou seja, quando não é possível recorrer ao Sacramento. Em geral, antes dessa pandemia, se pensava nessa situação de exceção em situações absolutamente graves, quer dizer, está afundando um navio, está caindo um avião, e a gente ultimamente começou a ver que, a pandemia também é uma situação de exceção, nós não estamos tendo acesso aos Sacramentos, por uma questão de preservação de vida e de saúde.

Então o Papa nos recorda dessa possibilidade. É possível, pelo Catecismo, pela doutrina, e o Papa já disse que é para fazer. Aonde a gente encontra isso? A contrição perfeita está no Catecismo da Igreja Católica, números 1451 até 1454. E esses números estão em um conjunto maior de números, sobre os Sacramentos da Igreja, onde você pode encontrar de uma forma destrinchada - e isso também que eu falei sobre as três essencialidades do Sacramento - e que estão no Catecismo da Igreja Católica nos números 1420 a 1532. Então esse esse conjunto maior, de todos os Sacramentos, e afunilando aqui na contrição perfeita, referente a essa situação de exceção, e repito aqui a numeração da contrição perfeita: 1451 a 1454. Tudo bem, então não podemos recorrer à confissão, existe a possibilidade da contrição perfeita.

O que é isso? Como ela acontece? O que que é preciso, o que ela gera? Contrição perfeita: se existe uma contrição perfeita é porque também existe uma contrição imperfeita, é possível. O que é isso? A contrição perfeita, quando ela ocorre? Quando existe no pecador um desejo autêntico de arrependimento, mas que vem porque a pessoa se deu conta de que ofendeu a Deus, e como a gente reza lá no Ato de Contrição: “Senhor eu me arrependo de todo coração por vos ter ofendido, porque sois tão bom e amável”. Então o motivo da contrição perfeita, é esse. É você arrepender-se porque você ofendeu a Deus, infinitamente bom, justo e digno de ser amado sobre todas as coisas, ou seja, tem qualquer coisa aqui de gratuito, você ofendeu o amor de Deus, e você sente culpa, se arrependeu e precisa do perdão. Então essa é a contrição perfeita, porque é um motivo autêntico, um motivo livre, um motivo bonito. Contrição perfeita é isso: machuquei o coração de Deus que é tão bom, preciso pedir perdão.

Contrição imperfeita

O que é uma contrição imperfeita? É o risco que a gente cai muitas vezes, de achar que deve correr para se confessar, por medo. “Ah, se eu morro antes de me confessar? Aí sim não sei o quê... aí vai cair um castigo sobre mim!" Essa não é uma contrição perfeita. Essa é a contrição imperfeita, porque o que faz você buscar o perdão, não é porque você se arrependeu, ou porque você tomou consciência de que foi contra o amor divino, é porque você tem medo, por você mesmo, é um sentimento egoísta. Aí sim, isso também precisa de conversão.

Portanto, se existe essa gana de busca do Sacramento, porque eu tenho medo, ou então – até é uma coisa grave que eu estou pensando aqui, para quem insiste na questão de abrir igreja, de confissão, com tudo isso aí que tá acontecendo - de repente é até uma desconfiança da extensão da misericórdia de Deus que não conhece limites. De repente a pessoa desconfia de que Deus possa perdoar através da contrição perfeita e entende o Sacramento como magia, então portanto aqui já tem um pecado também que não é assim que se resolve. Aqui nós já temos algo também a ser trabalhado dentro da pessoa: se ela vê o Sacramento como magia e se tem medo e desconfia da Misericórdia Divina. Aqui encaixa na contrição imperfeita. Então nesse caso, não é a Igreja que tem que abrir a confissão virtual. É a pessoa que tem que conhecer a sua Igreja e tem que mudar o seu pensamento. Não é a Igreja se adaptar a ela, mas é a pessoa se adaptar ao ensinamento da Igreja da qual ela faz parte.

Então, portanto, resumindo aqui: contrição imperfeita nasce do medo, de um desejo egoísta: “Eu preciso me confessar, de qualquer forma, de qualquer jeito, porque tenho medo de morrer em pecado” e desconfia da Misericórdia. Contrição perfeita: “Desagradei a Deus, estou em pecado, mas vou diante d’Ele dizer o que eu fiz, e Ele vai me dar o perdão nessa situação em que eu estou. Como eu disse, situação de exceção. Se fosse uma situação normal, a gente pode fazer a contrição perfeita e depois buscar a confissão, quando possível, no dia-a-dia. Agora, nessa situação de pandemia, faça a contrição perfeita e quando possível, lá na frente, busque a confissão, mas já garanta o perdão e a misericórdia de Deus, o que é possível.

Arrependimento e sentimento de culpa

Outra coisa interessante o que é preciso para uma contrição perfeita. Primeira coisa: arrependimento e culpa de todos os pecados veniais e mortais. Então a contrição perfeita num caso de excessão, ela também perdoa os pecados mortais? Sim, e é preciso um arrependimento perfeito e um sentimento de culpa. E aqui eu quero abrir um parênteses com um grande, talvez o maior teólogo do século XX, Karl Rahner, que viveu até 1984, tem inúmeras obras escritas, tem obras escritas em conjunto com Ratzinger, participou do Concílio, é um teólogo que dispensa apresentações. Karl Rahner, alemão. E Rahner tem um uma reflexão, em um dos livros, sobre o sentimento de culpabilidade, que ele diz que é um sentimento essencial, porque a pessoa quando sente culpa, é quando ela toma consciência de que o que ela fez foi errado e pecaminoso diante de Deus. A partir da consciência do erro e do pecado, essa consciência gera um sentimento: culpa! E o sentimento de culpabilidade, faz com que ela busque o perdão e com que ela não venha mais a cometer o mesmo erro. Portanto, para Runner, o sentimento de culpa e a consciência do pecado faz buscar o perdão e crescer na fé, porque você não repete mais aquele pecado mortal ou venial que seja.

Então primeiro ponto: arrependimento e sentimento de culpa.

A fé por base, crer na Misericórdia Infinita de Deus

Segundo ponto: o que é preciso para você fazer a sua a contrição perfeita? É preciso ter por base a fé, ter por base a fé e alguma verdade de fé, como no caso a Misericórdia Infinita de Deus. Como eu já disse, se você desconfia da Misericórdia, vai ser difícil realizar a contrição perfeita. Mas aí o problema não é institucional, é pessoal, porque a Igreja ensina que a Misericórdia de Deus não conhece limites.

Exemplo bíblico: 1 Timóteo 2, 4: “O desejo Divino de Deus de salvar a todos em Cristo.” Então Deus, Ele quer a todos salvar, não conhece restrições nos caminhos. E somado a isso, Gaudium et Spes 22 “Deus salva por caminhos que só Ele conhece”. Então, ter por base a fé. E aqui se tem um texto bíblico e um texto do Magistério, somando essa mesma concepção: a Misericórdia de Deus não conhece limites. E dois exemplos que a gente pode pegar na Bíblia, um deles Pedro, quando chora porque traiu Jesus. Quer dizer: culpa, consciência, arrependimento, perdão. A pecadora que lavou os pés de Jesus com as lágrimas: culpa, arrependimento, reconhecimento, conversão, perdão.

A intenção

E o terceiro ponto do que é preciso, a intenção, a intenção perfeita do que? Afastar-se do mal, não voltar a repetir o pecado, e voltar-se para Deus.

Então o que que é preciso para a contrição ser perfeita? - repetindo e sintetizando - arrependimento e culpa, ter base na fé - no caso, de que a Misericórdia de Deus é infinita -, e o terceiro ponto, intenção: afastar-se do mal, voltar-se para Deus.

Efeitos da contrição perfeita

Quais são os efeitos da contrição perfeita? Perdão imediato dos pecados, perdão imediato dos pecados. E com isso, consequentemente, como está aí no Catecismo, a retomada da denominada graça santificante. Isso aqui é bom ser entendido, quer dizer, não é que a pessoa fica sempre privada da graça quando peca. A graça ela é infinita, e graça é graça. No entanto, São Tomás de Aquino distinguiu, para estudo, compreensão, vários tipos de graça. E aqui tem uma lógica, quer dizer, se você peca e permanece no pecado, insistindo em pecar, você se distancia do caminho de santificação. Então diz: olha você perdeu aí a graça santificante. Agora, quando você se arrepende, faz o caminho de conversão, retorna para Deus, e diz e “não quero mais pecar”, sentiu culpa, conversão, perdão, você então retoma a denominada graça santificante, ou seja, volta para o caminho de santificação, que é o objetivo máximo de nós cristãos.

Inclusive aqui um parênteses: nós no Ocidente teológico chamamos de santificação. No Oriente eles chamam de divinização. Ó que que bonito! E não porque vai ser Deus, mas por que você vai ser, além de imagem, semelhança Divina. A pessoa que passou por tudo isso então, retoma a graça santificante e está livre de qualquer medo de perdição eterna, seja o que for.

Então esse é um pouco o caminho que nós estamos fazendo hoje, nesse tempo de pandemia, o que é possível fazer, a segurança que a Igreja nos dá. E pensando no bem comum, não é preciso mais nada além disso. Inclusive isso já é bastante difícil de fazer. E se o povo se apegar a isso, fizer e depois com a retomada da rotina sacramental, não vai ter problema nenhum, inclusive acho que vai ter amadurecimento de fé."

Fonte: site Vatican News

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