Papa Francisco institui Domingo da Palavra de Deus

biblia-papaFoi divulgada, nesta segunda-feira (30), a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio “Aperuit illis” do Papa Francisco com a qual se institui o Domingo da Palavra de Deus.

Com esse documento, o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. O Motu Proprio foi publicado no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerônimo, início dos 1.600 anos da morte do conhecido tradutor da Bíblia em latim que afirmava: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”.

Jesus abre as mentes para a compreensão das Escrituras

Francisco explica que com essa decisão quis responder aos muitos pedidos dos fiéis para que na Igreja se celebrasse o Domingo da Palavra de Deus. A carta começa com a seguinte passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,45): “Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das Sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados; e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação.”

Redescoberta da Palavra de Deus na Igreja

O Papa recorda o Concílio Vaticano II que “deu um grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum, e Bento XVI que convocou o Sínodo, em 2008, sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” e escreveu a Exortação Apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades”. Nesse documento, observa, “aprofunda-se o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação litúrgica”.

“O Domingo da Palavra de Deus”, sublinha o Pontífice, “situa-se num período do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos”: “Não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”.

Francisco exorta a viver esse domingo “como um dia solene. Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus (…). Neste Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na liturgia. De fato, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (…). Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.

“A Bíblia”, escreve o Papa, “não pode ser patrimônio só de alguns e, menos ainda, uma coletânea de livros para poucos privilegiados (…). Muitas vezes, surgem tendências que procuram monopolizar o texto sagrado, desterrando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode ser assim. A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade. A Palavra de Deus une os fiéis e faz deles um só povo”.

Também nessa ocasião, o Papa reitera a importância da preparação da homilia: “Os Pastores têm a grande responsabilidade de explicar e fazer compreender a todos a Sagrada Escritura (…) com uma linguagem simples e adaptada a quem escuta (…). Para muitos dos nossos fiéis, esta é a única ocasião que têm para captar a beleza da Palavra de Deus e a ver referida à sua vida diária (…).

Não se pode improvisar o comentário às leituras sagradas. Sobretudo a nós, pregadores, pede-se o esforço de não nos alongarmos desmesuradamente com homilias enfatuadas ou sobre assuntos não atinentes. Se nos detivermos a meditar e rezar sobre o texto sagrado, então seremos capazes de falar com o coração para chegar ao coração das pessoas que escutam”.

Sagrada Escritura e Eucaristia

Recordando o episódio dos discípulos de Emaús, o Papa recorda também “como seja indivisível a relação entre a Sagrada Escritura e a Eucaristia”. Cita a Constituição Apostólica Dei Verbum que ilustra “a finalidade salvífica, a dimensão espiritual e o princípio da encarnação para a Sagrada Escritura”. “A Bíblia não é uma coletânea de livros de história nem de crônicas, mas está orientada completamente para a salvação integral da pessoa. A inegável radicação histórica dos livros contidos no texto sagrado não deve fazer esquecer esta finalidade primordial: a nossa salvação. Tudo está orientado para esta finalidade inscrita na própria natureza da Bíblia, composta como história de salvação na qual Deus fala e age para ir ao encontro de todos os homens e salvá-los do mal e da morte”.

“Para alcançar esta finalidade salvífica, a Sagrada Escritura, sob a ação do Espírito Santo, transforma em Palavra de Deus a palavra dos homens escrita à maneira humana. O papel do Espírito Santo na Sagrada Escritura é fundamental. Sem a sua ação, estaria sempre iminente o risco de ficarmos fechados apenas no texto escrito, facilitando uma interpretação fundamentalista, da qual é necessário manter-se longe para não trair o caráter inspirado, dinâmico e espiritual que o texto possui. Como recorda o Apóstolo, «a letra mata, enquanto o Espírito dá a vida».”

O Papa recorda a afirmação importante dos Padres conciliares “segundo a qual a Sagrada Escritura deve ser «lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita». Com Jesus Cristo, a revelação de Deus alcança a sua realização e plenitude; e, todavia, o Espírito Santo continua a sua ação. De facto, seria redutivo limitar a ação do Espírito Santo apenas à natureza divinamente inspirada da Sagrada Escritura e aos seus diversos autores. Por isso, é necessário ter confiança na ação do Espírito Santo que continua a realizar uma sua peculiar forma de inspiração, quando a Igreja ensina a Sagrada Escritura, quando o Magistério a interpreta de forma autêntica e quando cada fiel faz dela a sua norma espiritual.”

Sagrada Escritura e Tradição

Falando sobre a encarnação do Verbo de Deus que “dá forma e sentido à relação entre a Palavra de Deus e a linguagem humana, com as suas condições históricas e culturais”, o Papa ressalta que “muitas vezes corre-se o risco de separar Sagrada Escritura e Tradição, sem compreender que elas, juntas, constituem a única fonte da Revelação (…). A fé bíblica funda-se sobre a Palavra viva, não sobre um livro. Quando a Sagrada Escritura é lida com o mesmo Espírito com que foi escrita, permanece sempre nova”. Assim, “quem se alimenta dia a dia da Palavra de Deus torna-se, como Jesus, contemporâneo das pessoas que encontra; não se sente tentado a cair em nostalgias estéreis do passado, nem em utopias desencarnadas relativas ao futuro”.

“Por isso, é necessário que nunca nos abeiremos da Palavra de Deus por mero hábito, mas nos alimentemos dela para descobrir e viver em profundidade a nossa relação com Deus e com os irmãos. A Palavra de Deus apela constantemente para o amor misericordioso do Pai, que pede a seus filhos para viverem na caridade. A Palavra de Deus é capaz de abrir os nossos olhos, permitindo-nos sair do individualismo que leva à asfixia e à esterilidade enquanto abre a estrada da partilha e da solidariedade.

A carta se conclui com uma referência a Maria que nos acompanha “no caminho do acolhimento da Palavra de Deus”. “A bem-aventurança de Maria antecede todas as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus para os pobres, os aflitos, os mansos, os pacificadores e os que são perseguidos, porque é condição necessária para qualquer outra bem-aventurança.”

Fonte: Site Vatican News

Abertas as inscrições ao 8º Curso Nacional de Formação Política para Cristãos 2020/2021

CecepinscriçõesEstão abertas as inscrições para o 8º Curso Nacional de Formação Política para Cristãos 2020/2021, coordenado Centro Nacional de Fé e Política “Dom Helder Câmara” (CEFEP) uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de serviço à Formação Política dos cristãos leigos e leigas, sob a presidência da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato.

O objetivo do curso, segundo o assessor do CEFEP, padre Paulo Adolfo Simões, é fomentar em nosso país um pensamento social cristão à luz da dos valores evangélicos e da Doutrina Social da Igreja e contribuir com a formação de lideranças inseridas na política, em suas diferentes formas e níveis.

Realizado em parceria com a PUC do Rio, o curso tem duração de dois anos (2020 e 2021), sendo duas etapas presenciais de duração de uma semana no mês de janeiro, intercaladas com a aulas na modalidade EAD (à distância) durante o ano.

Destina-se à lideranças de Igreja que atuam em movimentos sociais, pastorais e organismos e pessoas com responsabilidades em organizações e movimentos sociais e pretendentes e ocupantes de cargos públicos. A formação é reconhecida como uma extensão universitária da PUC Rio.

Para saber mais veja aqui: www.cefep.org.br

Inscrições aqui: docs.google.com

Fonte: Site da CNBB

2019: o Ano da Tolerância se torna global

Alguns-membros-do-Comitê-Superior-para-atingir-os-objetivos-do-Documento-sobre-Fraternidade-Humana-reunidos-em-Nova-York-em-20-de-setembroNascida como uma iniciativa dos Emirados Árabes Unidos, ganhou agora uma dimensão global. Em dezembro de 2018, o presidente dos Emirados, o xeque Khalifa bin Zayed, havia declarado que 2019 seria o Ano da Tolerância. Um dos objetivos era o de afirmar os Emirados como um centro global para a promoção da tolerância por meio de projetos que encorajam o diálogo entre as culturas.

Papa Francisco nos Emirados

Em fevereiro de 2019, o Papa Francisco foi a Abu Dhabi a convite do príncipe herdeiro, xeque Mohamed bin Zayed Al Nahyan. Naquela ocasião, em 4 de fevereiro, o Pontífice e o Grão-Imame de al- Azhar, Ahmed el-Tayyeb, assinaram o histórico Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum.

A Casa da Família Abraâmica

Logo após assinado, o documento já havia dado seu primeiro fruto: no dia seguinte, 5 de fevereiro, o príncipe herdeiro de Abu Dhabi anunciou a construção da Casa da Família Abraâmica na Ilha Saadiyat.

Após concluído, o complexo abrigará uma igreja cristã, uma mesquita e uma sinagoga, mas também um centro de formação. Será portanto, um marco não apenas no sentido tradicional, mas também porque será um lugar onde pessoas de diferentes tradições religiosas poderão aprender, rezar e dialogar juntas.

Dos Emirados Árabes Unidos para o mundo

Mohamed Khalifa al Mubarak, outro membro do Comitê Superior, disse que esta última proposta “para reunir as culturas do mundo”, alicerça suas raízes em um desejo difundido nos Emirados.

A mensagem, segundo ele, é: “[…] simplificar a fé e fazê-la voltar à sua forma mais original; simplificar a sua vida, para fazê-la voltar aos parâmetros simples que estão escritos em todos os nossos livros religiosos: seja bom com seu próximo, ame seu próximo, ajude seu próximo. Em um mundo assim conectado, na realidade nós estamos muito desconectados … Projetos e iniciativas como a Casa da Família Abraâmica – e tantos outros que podem vir no futuro – contribuirão para unir as pessoas. É um sonho que se tornará realidade para o povo dos Emirados, um povo que tende à tolerância e que tem a oportunidade de compartilhá-lo com o mundo “.

Comitê Superior inicia seus trabalhos em Roma

Em 19 de agosto, foi instituído um Comitê nos Emirados para implementar os objetivos formulados no Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame.

Os sete membros do Comitê (2 representando a Igreja Católica, 2 da Universidade de Al-Azhar e 3 dos Emirados) se reuniram pela primeira vez em 11 de setembro, no 18º aniversário dos ataques às Torres Gêmeas de Nova Iorque.

Em sua saudação ao grupo, o Papa Francisco havia destacado a importância do fato de que a manifestação do desejo de promover a vida e a fraternidade tenha ocorrido precisamente na ocasião em que outros decidiram semear a morte e a destruição. Logo após esse encontro em Roma, o rabino Bruce Lustig passou a fazer parte do Comitê Superior.

O Comitê Superior leva sua mensagem a Nova York

O Comitê Superior decide então se reunir pela segunda vez em 20 de setembro, desta vez em Nova York, em um esforço para tornar global sua mensagem, exatamente quando os líderes mundiais se reúnem na cidade dos EUA para a abertura da 74ª Assembleia Plenária das Nações Unidas.

O juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam, outro membro do Comitê, declarou em um encontro com jornalistas na última sexta-feira, que o Comitê Superior está disposto a trabalhar com qualquer nação que esteja aberta aos ideais expressos no documento.

Ele também acrescentou que os primeiros passos foram dados pelo Secretário-Geral para uma possível adoção do Documento pelas Nações Unidas. Gutérres “solicitará aos Estados Membros que incluam os princípios contidos neste documento histórico, em sua legislação local”.

Os desafios

Esta é uma disposição importante, considerando que um dos muitos objetivos do Documento sobre Fraternidade Humana é introduzir um novo “conceito de cidadania baseado na igualdade dos direitos e dos deveres, no âmbito do qual todos desfrutem de justiça”.

Quanto aos objetivos, Monsenhor Yoannes Gaid, também membro do Comitê, explicou que o cerne do Documento está na afirmação de que somos todos irmãos. A igualdade se baseia nesta verdade, acrescenta, uma igualdade que, dessa maneira, contempla direitos mas também deveres. A liberdade neste período, sublinha Monsenhor Gaid, significa não-violência. E a “violência, é contrária à fé e à cidadania”.

O outro objetivo é eliminar o termo “minoria”. O juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam enfatizou que a força motriz para chegar a esse objetivo do documento, reside no fato de que a própria expressão é em parte tendenciosa e discriminatória em relação à “chamada minoria”. Por esse motivo, o Documento é “o documento mais corajoso da história”, porque desafia diretamente realidades rígidas como essas.

Fonte: Site Vatican News

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