Dom Leonardo Steiner: “Vamos ter confiança e torcer para que o Brasil possa conquistar a taça”

campinas3O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, fala sobre o envolvimento do povo brasileiro com a Copa do Mundo de futebol, que acontece na Rússia. Para ele, a goleada aplicada pela Alemanha no último mundial, aqui no Brasil, pode ter diminuído o interesse com o evento, que tende a aumentar com a melhoria da performance do time e o avanço nas fases seguintes. Dom Leonardo também chama atenção para o esquecimento das questões fundamentais do país e deseja que o futebol contribua na criação da unidade nacional. “Se o futebol puder nos ajudar a sermos menos divididos e juntos pensarmos num Brasil melhor, o futebol terá dado uma excelente contribuição”, afirmou.

Confira a entrevista na íntegra.

O Brasil avança para as oitavas de final. Isso aumenta a empolgação e o envolvimento do povo com o evento?

A Copa do Mundo sempre suscita interesse. Nessa Copa do Mundo menos, talvez por causa do “7 a 1”, que causou muito sofrimento a nós brasileiros. Na medida em que o Brasil avança e vai melhorando seu jogo, cresce a torcida. Mas talvez seja importante ressaltar que o futebol consegue unir as pessoas, quebrar parâmetros, superar as diferenças raciais, as diferenças religiosas. Eu acho que esse é o ponto importante, diria quase fundamental da copa, de uma competição assim mundial. Vamos ter confiança e torcer para que o Brasil possa conquistar a taça.

Neste ano, há muita preocupação com a situação do país e volta à tona a questão do “Pão e circo”. O futebol tem alienado ou servido de distração sadia em meio a tantas dificuldades?

Eu penso que o futebol não é uma mera distração para o povo brasileiro e para muitos países que gostam do futebol. Futebol é um modo de expressão cultural, de criatividade, é um modo nosso de torcer, é um modo humano de participar. Pode ser também uma alienação, se, por exemplo, aproveitamos o momento da copa para poder passar determinados projetos no Congresso Nacional, como, por exemplo, a questão dos agrotóxicos. Pode acontecer ou talvez esteja acontecendo, de que no momento da Copa nós não estejamos discutindo suficientemente questões fundamentais para o povo brasileiro, como, por exemplo, a política, o direito, a justiça. Nós estamos dando importância ao candidato à presidência, mas não estamos discutindo suficientemente, com profundidade, a eleição do Congresso Nacional ou das Assembleias Legislativas e da Câmara do Distrital Federal. Então pode ser que o momento da Copa seja uma espécie de esquecimento de questões fundamentais para a sociedade brasileira.

A gente espera que torcer pelo Brasil, vibrar pelo Brasil, não leve ao esquecimento da nossa realidade concreta. O que nos une no futebol, possa nos unir também em torno de questões essenciais da nossa cotidianidade para termos uma sociedade justa, equilibrada, fraterna.

A esperança do nosso povo pode ser afetada de alguma forma a partir do resultado dentro de campo? Isso no sentido de união nacional em vista de um futuro mais promissor e menos desigual.

Nós vivemos um momento interno de divisão. Não é uma mera divisão política, nós vemos pela agressividade das palavras que existe quase uma ruptura na sociedade brasileira. Se o futebol puder nos ajudar a sermos menos divididos e juntos pensarmos num Brasil melhor, o futebol terá dado uma excelente contribuição. Mas independente do futebol, nós precisamos sempre trilhar o caminho do diálogo, o caminho da compreensão. O futebol pode nos ajudar nesse diálogo. E se chegarmos à vitória, chegarmos não apenas no futebol, precisamos chegar à vitória também em relação à política, em relação à sociedade brasileira, em relação à justiça, ao direito, em relação a tantos elementos que compõem a sociedade brasileira. Talvez o futebol nos ajude, queira Deus que ajude. Mas, se também não chegarmos a conquistar o título, que ao menos cheguemos a conquistar aquilo que é imprescindível à sociedade brasileira: vivermos na democracia com justiça e fraternidade.

Fonte: cnbb.org.br

Vida humana: Papa Francisco propõe uma visão global da bioética

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Para Francisco, a sacralidade da vida embrional deve ser defendida com a mesma paixão que a sacralidade da vida dos pobres que já nasceram.


O Papa Francisco concluiu sua série de audiências recebendo os participantes da Plenária da Pontifícia Academia para a Vida.

A Plenária se realiza no Vaticano de 25 a 27 de junho, sobre o tema “Iguais no nascimento? Uma responsabilidade global”.

Cardeal Elio Sgreccia

No início do seu discurso, o Pontífice agradeceu publicamente o empenho e a dedicação do Cardeal Elio Sgreccia, um dos maiores especialistas em bioética do mundo e presidente da Pontifícia Academia para a Vida no passado. Hoje, este cargo é ocupado pelo arcebispo Vincenzo Paglia.

Para Francisco, quando se fala de vida humana é preciso considerar a qualidade ética e espiritual da vida em todas as suas fases: desde a concepção até a morte. Mas não só a vida biológica: existe a vida eterna, existe a vida que é família e comunidade, existe a vida humana frágil e doente, ofendida, marginalizada, descartada. “É sempre vida humana”, reiterou o Papa.

A síndrome de Narciso

“Quando entregamos as crianças à privação, os pobres à fome, os perseguidos à guerra, os idosos ao abandono, não fazemos nós mesmos o trabalho ‘sujo’ da morte?”, questionou o Pontífice.

Excluindo o outro do nosso horizonte, a vida se fecha em si mesma e se torna bem de consumo. Como Narciso, acrescentou Francisco, nos tornamos homens e mulheres-espelho, que veem somente a si mesmos e nada mais.

Visão global da bioética

Por isso, é necessária uma visão global da bioética. Em primeiro lugar, explica o Papa, esta bioética global será uma modalidade específica para desenvolver a perspectiva da ecologia integral, própria da Encílica Laudato si’. Portanto, temas como a relação entre pobreza e fragilidade do planeta, a crítica ao novo para¬digma e às formas de poder, a cultura do descarte e a proposta de um novo estilo de vida.

Em segundo lugar, um discernimento meticuloso das complexas diferenças fundamentais da vida humana: do homem e da mulher, da paternidade da maternidade, a fraternidade, a sexualidade, a doença, o envelhecimento, a violência e guerra.

Defender a sacralidade da vida

Para Francisco, a sacralidade da vida embrional deve ser defendida com a mesma paixão que a sacralidade da vida dos pobres que já nasceram.

A bioética global, portanto, requer um discernimento profundo e objetivo da valor da vida pessoal e comunitária, que deve ser protegida e promovida também nas condições mais difíceis.

Todavia, observou o Papa, a regulamentação jurídica e a técnica não são suficientes para garantir o respeito à dignidade da pessoa.

A perspectiva de uma globalização que tende a aumentar a aprofundar as desigualdades pede uma resposta ética a favor da justiça. Por isso é importante estar atentos a fatores sociais e econômicos, culturais e ambientais que determinam a qualidade de vida da pessoa humana.

Por fim, é preciso se interrogar mais profundamente sobre o destino último da vida.

“A vida do homem, encantadora e frágil, remete além de si mesma: nós somos infinitamente mais daquilo que podemos fazer para nós mesmos.”

A sabedoria cristã, concluiu o Papa, deve reabrir com paixão e audácia o pensamento do destino do gênero humano à vida de Deus, que prometeu abrir ao amor da vida além da morte.

Fonte: vaticannews.va

Regional da CNBB indica 10 pistas para as eleições 2018

eleicoes 4Para preparar os brasileiros e fiéis católicos em vista das eleições desse ano, o Regional Centro-Oeste da CNBB, que compreende o estado de Goiás e Distrito Federal, organizou 10 pistas de ação e orientação para o pleito que vai eleger presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais.

Assinada por três bispos do Regional, Dom Messias dos Reis Silveira, presidente e bispo de Uruaçu; Dom João Wilk, vice-presidente e bispo de Anápolis; e Dom Levi Bonatto, secretário e bispo auxiliar de Goiânia, a mensagem diz que é importante que os católicos expressem a sua fé não somente por meio do sentimento religioso, mas também manifestando-a concretamente no dia a dia. Por isso, as eleições devem ser vistas como momento oportuno de mudanças e transformação social, em que os cristãos são convocados a participar ativamente".

Os bispos ainda explicam que a Igreja é apartidária, mas "busca conscientizar o eleitor e incentivar os leigos que se sentem chamados a representar o povo com um mandato político".

:: 12 dicas para votar bem e ser um bom cidadão

Eles recordam ainda que se o momento atual "pode ser desmotivador" e com uma "percepção negativa da atuação dos políticos", é nessa ocasião que os brasileiros devem "encorajar pessoas de bem a assumirem funções públicas, com projetos inovadores que vislumbrem o bem-estar e a dignidade de todos".

Confira as pistas para as eleições 2018:

1) É proibida a propaganda eleitoral no interior das igrejas, como também discursos e comícios, sob o risco de se incorrer nas penalidades previstas na legislação eleitoral;

2) Procure-se conhecer os candidatos e suas propostas, exigindo deles um compromisso ético;

3) Que os candidatos defendam os valores cristãos, por exemplo, no que diz respeito à vida e à família, o direito dos pais de educarem seus filhos na prática da fé e dos costumes, e rejeitem todo tipo de ideologia contrária ao direito natural e à doutrina e moral da Igreja;

4) Que, uma vez candidatos, os fiéis leigos não instrumentalizem sua liderança na ação evangelizadora da Igreja. Continua presente o salutar ensinamento da Igreja de que os sacerdotes estão excluídos da possibilidade de serem candidatos;

5) Que haja clareza sobre a origem e o uso de verbas para a campanha eleitoral;

6) Que sejam avaliados o histórico do candidato, sua coragem de combater a corrupção e a consciência de administrar os bens públicos;

7) Que o eleitor procure votar com consciência sem aceitar troca de favores e benefícios por voto. Compra e venda de votos são atos de corrupção. Votar, não para agradar alguém, nem se baseando em pesquisas de opinião, mas na convicção sobre o caráter do candidato e a atuação de seu partido;

8) Não anular voto e nem votar em branco;

9) É possível promover encontros com candidatos de partidos diversos, moderados por um membro da comunidade eclesial, visando conhecer suas propostas;

10) Evitar o desânimo e valorizar o voto como oportunidade de alcançar as mudanças necessárias. Neste momento político de eleições presidenciais, de governadores, deputados e senadores "incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas, nos diversos níveis e instituições, promovendo-se formação permanente e ações concretas".

Fonte: a12.com

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