Após JPII, Papa Francisco visita Suíça em peregrinação ecumênica

joao-paulo-ii-e-francisco montagem-CNFrancisco repete gesto de João Paulo II, que em 1984 visitou o Conselho Ecumênico para as Igrejas na Suíça

“É uma visita ecumênica, então para nós é muito educativa a postura do Papa Francisco de vir a Genebra e fazer parte desta celebração dos 70 anos do Conselho Ecumênico para as Igrejas. Então isso para nós é motivo de alegria, pois nos ensina como devemos nos comportar diante de outras realidades religiosas”. A frase é do missionário Rafael de Araujo Moura, que é o responsável pela casa de missão da Comunidade Shalom em Lugano, na Suíça, há cinco anos. O Pontífice irá visitar a Suiça nesta quinta-feira, 21.

Segundo Moura, a Suíça já se mostra preparada e organizada para receber o Papa desde a sua chegada no aeroporto até a condução aos compromissos marcados no país. “Estamos esperando para ouvirmos, como filhos e também para vivermos este momento histórico”, afirma.

Para o missionário, além da participação no Conselho Ecumênico para as Igrejas, outro ponto central da visita de Francisco será a Santa Missa com os fiéis suíços, celebração solicitada pela Conferência Nacional dos Bispos da Suíça e atendida com prontidão pelo Vaticano.

A Suíça não recebe um Papa há 14 anos. Com três visitas ao país durante o seu papado, São João Paulo II é o único líder da Igreja Católica a ter realizado, até o momento, viagens apostólicas a Suíça. Datadas de 1982, 1984 e 2004, as viagens tiveram motivações distintas, mas apenas uma delas une João Paulo II a Francisco, o ecumenismo. Em 1984, João Paulo II foi convidado para participar do Conselho Ecumênico das Igrejas, assim como Francisco, em 2018.

Busca pela unidade

Durante sua participação em 1984, do Conselho Ecumênico das Igrejas, João Paulo II declarou sua gratidão ao encontro e manifestou que a busca pela unidade era uma das marcas de seu papado. “Desde o início do meu ministério de Bispo de Roma, insisti que o compromisso da Igreja Católica no movimento ecumênico era irreversível e que a busca da unidade é uma de minhas prioridades pastorais”, afirmou naquele ano.

O evento foi uma oportunidade do Papa expor que, mesmo diante de um passado de memórias dolorosas, separações dramáticas e muitas polêmicas, no curso da história, as religiões permaneceram com pontos em comum, motivo que as levou a uma redescoberta da comunhão. O Decreto sobre o Ecumenismo do Concílio Vaticano II permeou as falas de João Paulo II que recordou seu antecessor, Paulo VI, como importante influenciador da unidade das Igrejas do Oriente e do Ocidente.

“O desejo de ‘seguir a Cristo’ em seu amor pelos necessitados nos leva a uma ação comum. Esta comunhão ao serviço do Evangelho, por mais temporário que seja, nos permite vislumbrar o que será, a nossa total e perfeita comunhão na fé, na caridade e na Eucaristia. Não é, portanto, um encontro meramente acidental, inspirado apenas por piedade diante da miséria ou reação à injustiça, mas, ao invés disso, pertence à nossa jornada rumo à unidade”, comentou João Paulo em seu discurso no dia 12 de junho de 1984 ao Conselho Ecumênico das Igrejas.

Papa Francisco, assim como São João Paulo II, traz em seu pontificado a marca do ecumenismo. Em constante diálogo, o Pontífice já participou de encontros inter-religiosos, dedicou reflexões em várias Audiências Gerais sobre o tema, além de discursar sobre o assunto durante viagens apostólicas.

“Não cansamos de pedir juntos e insistentemente ao Senhor o dom da unidade”, “Que nos sintamos, todos os dias, chamados a dar ao mundo, como Jesus pediu, o testemunho do amor e da unidade entre nós”, são algumas das frases de Francisco sobre o ecumenismo.

No ano passado, com a proximidade da comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante, o Santo Padre agradeceu aos luteranos pelo progresso no diálogo ecumênico. “Agradeçamos ao Senhor pelo grande dom de conseguirmos viver este ano como verdadeiros irmãos, não mais como rivais, depois de demasiados séculos de desconfiança e conflito. (…) No espírito do Evangelho, prossigamos agora no caminho da caridade e humilde que leva à superação das divisões e à cura das feridas”, suscitou o Pontífice em outubro de 2017.

Para Moura, as postura do Santo Padre diante das questões religiosas já são inspirações para a missão da comunidade estabelecida na Suíça. Diante dos desafios enfrentados pelos missionários no diálogo inter-religioso, Moura afirma: “A visita do Papa Francisco na Suíça, tendo como premissa esse cunho ecumênico, nos reforça e nos anima na busca para ter ainda mais este diálogo com o diferente, para que possamos crescer juntos e construir unidade em meio à diferença”.

As outras visitas apostólicas a Suíça

Na primeira visita oficial do Papa João Paulo II a Suíça, o Pontífice participou de eventos ligados a classe laboral, falando aos participantes da 68ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, delegados dos trabalhadores, representantes dos empresários, delegados dos Governos e funcionários da Organização Internacional do Trabalho.

A visita em 1982 foi também uma oportunidade de São João Paulo II encontrar-se com representantes das Organizações Internacionais Católicas (OIC) e ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Aos membros da OIC, o Pontífice suscitou na época: “Sei tudo o que fazem os responsáveis desta organização para dar a parte justa ao acolhimento, ao culto e à educação da fé. Sei que muitas pessoas de meios internacionais se encontram aqui à vontade para alcançar o conforto espiritual que procuram”.

Na última vez que retornou a Suíça, João Paulo II encontrou-se com o Presidente da Confederação Helvética no Aeroporto Militar de Payerne, com a Associação dos ex-Guardas Suíços na Residência Viktoriaheim e com os jovens católicos da Suíça no “Palácio de Gelo”. Conhecido como o “Papa da Juventude”, São João Paulo II exortou, em 2004, os jovens suíços: “A Igreja tem necessidade das vossas energias, do vosso entusiasmo, dos vossos ideais juvenis, para fazer com que o Evangelho permeie o tecido da sociedade e suscite uma civilização de justiça autêntica e de amor sem discriminações. Hoje, mais do que nunca, num mundo muitas vezes desprovido de luz e sem a coragem dos ideais nobres, não é a hora de te envergonhares do Evangelho. Pelo contrário, chegou o momento de o anunciares”.

Fonte: noticias.cancaonova.com

Presidente da CNBB reforça necessidade de solidariedade aos refugiados na 33ª Semana do Migrante

Cardeal-Sergio-da-Rocha 1084-608Ontem várias comunidades e paróquias de todo país promoveram atividades de abertura da 33ª Semana Nacional do Migrante que acontece de 17 a 24 de junho, com o tema: “A vida é feita de encontros” e o lema: “Braços abertos sem medo de acolher”. Em Brasília, na catedral metropolitana, a Pastoral do Migrante coordenou a realização da missa de abertura, na manhã do domingo.

O arcebispo da arquidiocese e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, lembrou que a capital do Brasil foi edificada por migrantes, grande parte do Nordeste, que continuam a formar o povo que reside no Distrito Federal. O cardeal ressaltou o papel que o Papa Francisco vem desenvolvendo nesta frente: “O papa tem reforçado, frequentemente, a necessidade da acolhida fraterna aos migrantes, principalmente aos refugiados.

Símbolos (Globo, uma mala e as bandeiras do Brasil e do Vaticano) que representam os migrantes e refugiados foram levados ao altar por uma família da Índia e um refugiado do Congo que se encontram em Brasília. A ideia da mala surgiu no Seminário Internacional de Migrações e Refúgio – Caminho para cultura do Encontro, realizada pela Cáritas Brasileira (organismo vinculado à CNBB) realizado, em Brasília-DF, entre os dias 12 a 14 de junho de 2018. (Ver carta abaixo)

A edição deste ano está em sintonia com a campanha mundial da Cáritas “Compartilhe a viagem”, dedicada à sensibilização e à informação sobre imigração e refúgio. “O convite é para ir ao encontro, como gesto natural dos crentes que vivem uma fé Igreja em saída, para abraçar, escutar, apoiar, dar a mão, compartilhar trajetórias, alegrias, dores e fazer-se próximo”, afirmam os organizadores.

“A campanha ‘Compartilhe a viagem’ propõe incentivar as pessoas, homens, mulheres, crianças e jovens, de todos os credos e religiões, para irem ao encontro dos migrantes, colaborando na construção de uma cultura de Paz, a partir das histórias de vida e da diversidade cultural dos migrantes. Por isso, é importante enxergar os migrantes como oportunidade no projeto de reconstrução das sociedades”, situa o arcebispo de Aracaju e presidente da Cáritas Brasileira, dom João José Costa.

Acolher, proteger… – Em um de seus tweets de ontem, 17/06, o papa Francisco comentou: “compartilhemos com gestos concretos de solidariedade o caminho dos migrantes e refugiados. O santo padre em insistido, com a criação da campanha (#sharejourney, #compartilheaviagem) que a Igreja e todos os cristãos junto aos migrantes e refugiados ações organizadas em torno dos quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar.

Em evento realizado dia 15 de junho, no Teatro Fernando Rojas, em Madri (Espanha), o vídeo da campanha, produzido pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, produzido pela La Machi para Buenas Causas, recebeu o prêmio de “Melhor Estratégia Social” no Publifestival – Festival Internacional de Publicidade Social”.

O objetivo da 33ª Semana do Migrante, segundo o bispo de Pesqueira e referencial do Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB, dom José Luiz Ferreira Sales é promover a “cultura do encontro”, tão motivada pelo papa Francisco, “fazendo crescer os espaços e as oportunidades para que os imigrantes e as comunidades locais possam se reunir, dialogar e passar à ação”, de acordo com a proposta divulgada.

Além das pastorais e organismos da CNBB, outras instituições ligadas ao atendimento e acompanhamento de migrantes e refugiados colaboraram com o Serviço Pastoral do Migrante e a Cáritas Brasileira nesta ocasião.


Carta do Seminário Internacional de Migrações e Refúgio: Caminhos para a Cultura do Encontro


“Podemos e devemos alimentar nossa esperança nos migrantes e refugiados.
A cultura do encontro inclui o encontro das culturas”.


Cardeal Tagle


Nós, reunidos no Seminário Internacional de Migrações e Refúgio, Caminhos para a Cultura do Encontro, de 12 a 14 de junho de 2018, sob a liderança do cardeal Luis Antonio Tagle, presidente da Cáritas Internacional, com a participação de migrantes e refugiados de vários países da África, Europa, Ásia e América Latina, de representantes de pastorais, organismos eclesiais, instituições da sociedade civil, de organizações internacionais e governo tivemos a bênção de construir uma reflexão iluminada para a nossa ação de Igrejas, orientados pelas palavras do papa Francisco para acolher, proteger, promover e integrar os povos que migram ou buscam refúgio em nosso país e no mundo.

ANUNCIAMOS que a presença dos migrantes e refugiados entre nós é uma valiosa oportunidade de desenvolvimento da nossa inteligência cultural de relações inter-religiosas, fundamentais ao nosso amadurecimento enquanto humanidade e comunidade que acredita que somos filhos e filhas de Deus.

ACREDITAMOS que no Brasil, um país constituído e construído historicamente, também, com a participação dos imigrantes, a cultura do encontro se forma, no dia a dia nas relações interpessoais, nas rotinas de trabalho, nas partilhas entre vizinhos, e na solidariedade com o irmão e a irmã, a partir da nossa consciência e paciência afetuosa para entender a cultura do outro e para sermos pontes de solidariedade e integração.

COMPREENDEMOS as características do contexto migratório global e regional, destacando o estado da migração em crise, que requer um trabalho articulado, ágil e oportuno de todas as organizações (Igreja, Sociedade Civil, Estado e Organismos Internacionais).

DESAFIAMOS nossas comunidades religiosas, grupos e entidades ao exercício e vivências interculturais nas várias formas de acolhida aos irmãos e irmãs migrantes e refugiados, com criatividade em promover sua integração efetiva e plena na vida da comunidade.

RECONHECEMOS que em muitas realidades ocorrem falhas e lacunas nos serviços de atendimento e acolhimento, inclusive a falta de informações e orientações adequadas e oportunas, que ampliam a vulnerabilidade social dos migrantes e refugiados e que necessitamos aprimorar.

DENUNCIAMOS a criminalização das migrações, a xenofobia, o racismo, a linguagem discriminatória com estereótipos e preconceitos, alarmismos infundados, o uso e a propagação de informações distorcidas sobre temáticas relacionadas com as migrações e o refúgio e, todas as violações aos direitos humanos de migrantes e refugiados, incluindo o tráfico de pessoas e o trabalho análogo à escravidão.

ACREDITAMOS no potencial pessoal, comunitário e político dos migrantes e refugiados e apostamos no protagonismo criativo e corresponsável na construção de relações interculturais solidárias e de vivências nas comunidades com uma presença e contributo positivo.

ENCORAJAMOS migrantes e refugiados, (crianças, jovens e adultos) a acreditarem em si mesmos, em sua fé e em sua força transformadora e de articulação e organização na busca de seus sonhos e projetos de vida.

EXORTAMOS aos Estados, Igrejas e Sociedade Civil para continuar as reflexões interculturais e inter-religiosas sobre o fenômeno migratório na região da América Latina, gerando análises de contextos que permitam compreender e abordar causas e tendências, e projetar respostas coordenadas entre todos os atores.

Frente a tudo que vimos, ouvimos, sentimos e refletimos, nestes dias, faz-se imprescindível o compromisso pessoal, institucional e coletivo com:

  • a ampliação de iniciativas solidárias de interiorização e integração para migrantes e refugiados, envolvendo as comunidades e dioceses, especialmente frente as demandas do fluxo atual de venezuelanos e venezuelanas no Brasil;

 

  • o fortalecimento e ampliação de parcerias solidárias e estratégicas das instituições que atuam com migrantes e refugiados no país, para que se fortaleça o trabalho em rede e se multipliquem as oportunidades de formação qualificada para o atendimento dessa população;

 

  • o reconhecimento das necessidades de atendimento, acolhida, proteção e integração diferenciada para mulheres, crianças, comunidades indígenas e população negra, LGBTQI+, pessoas com deficiência, para a construção e atualização do enfoque de gênero e etnia;

 

  • a qualificação do atendimento e orientação aos migrantes e refugiados que chegam ao país, através de serviços de apoio socioassistencial, incluindo a colaboração de migrantes e refugiados, que já vivenciaram situações semelhantes;

 

  • a promoção de capacitações sobre conjuntura nacional e internacional e suas relações com os fluxos migratórios atuais, sobre a história, a cultura e a realidade dos países de origem, transito e destino;

 

  • o desenvolvimento e fortalecimento de ações de prevenção e enfrentamento ao tráfico humano, com olhar para a vulnerabilidade dos migrantes e refugiados neste contexto;

 

  • o desenvolvimento de ações de empoderamento e fortalecimento da autonomia de migrantes e refugiados, através da organização e auto-gestão destes;

 

  • a elaboração e implementação de uma Política Nacional de Migração, orientada nos direitos humanos e no direito de migrar, considerando em sua elaboração a participação da sociedade civil e dos próprios migrantes;


A humanidade que nos caracteriza, conforme nos ensina o cardeal Tagle, é o ponto de encontro que nos irmana e nos conclama a um compromisso de amor e solidariedade contra a globalização da indiferença. Necessitamos de autocrítica e autoexame para renovar as mentalidades e gerar atitudes que promovam a comunhão.


Brasília, 14 de junho de 2018

Participantes do Seminário Internacional de Migrações e Refúgio


Fonte: cnbb.org.br

Santa Sé anuncia celebrações presididas pelo Papa de junho a agosto

papa-francisco CNPeregrinação ecumênica a Genebra e visita à Irlanda para o Encontro Mundial das Famílias estão na agenda de atividades


A sala de imprensa da Santa Sé anunciou no dia 29, o calendário das celebrações presididas pelo Papa Francisco nos próximos três meses, de junho a agosto. Além de celebrações litúrgicas, uma peregrinação ecumênica a Genebra e a viagem à Irlanda para o Encontro Mundial das Famílias.

No domingo, 3, Francisco foi à cidade italiana de Óstia onde presidiu a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo; a Missa aconteceu às 18h (hora local) na Igreja de Santa Mônica, de onde partiu em procissão rumo à Igreja de Nossa Senhora de Bonaria para a benção eucarística.

No dia 21 de junho, será a vez da Suíça receber a visita do Papa Francisco. O Pontífice fará uma peregrinação ecumênica a Genebra, por ocasião do aniversário de 70 anos de fundação do Conselho Mundial de Igrejas, movimento que visa à unidade dos cristãos. Na programação, divulgada nesse mês de maio, estão previstos um momento de oração e um encontro ecumênicos.

Para o mês de junho, também está na agenda do Papa a realização de um Consistório para a criação de novos cardeais, no dia 28. São 14 novos cardeais cujos nomes foram anunciados pelo Santo Padre no último dia 20 (veja quem são).

Já na sexta-feira, 29, Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, Francisco presidirá a Santa Missa na Praça São Pedro às 9h30 (hora local), com a benção dos pálios para os novos arcebispos metropolitanos.

Para o mês de julho, o único compromisso, até o momento, na agenda do Santo Padre é a visita a Bari, no sul da Itália, para um encontro ecumênico de oração pela paz no Oriente Médio. O encontro será em 7 de julho.

E em agosto, como já havia sido anunciado, Papa Francisco irá a Dublin, na Irlanda, para a nona edição do Encontro Mundial das Famílias. O Santo Padre estará no país nos dias 25 e 26 de agosto.

Fonte: noticias.cancaonova.com

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