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Cem Anos das Aparições de Fátima

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A Igreja, liderada pelo Papa Francisco, celebrou em Portugal o extraordinário fenômeno acontecido em 1917, que foram as aparições da Virgem Maria a três pastorinhos. O fato repetido por seis vezes, de maio a outubro, sempre nos dias 13, com exceção de agosto que se deu no dia 19, marcou a história da fé cristã em todo o mundo pelo que trouxe de místico e de sobrenatural na busca da paz e da concórdia, da superação de regimes agressivos à fé, da conversão dos costumes, do valor da oração e do primado absoluto de Deus.

Lucia, com 10 para 11 anos, Francisco com 9 e Jacinta com 7, segundo os relatórios escritos mais tarde por Lúcia, viram Nossa Senhora sobre uma azinheira de mais ou menos um metro e meio de altura, dialogaram com ela à distância de mais ou menos um metro, e receberam revelações e recomendações.

As revelações se traduzem na previsão da queda do regime comunista ateu que se apoderara do poder na Rússia, a previsão de uma nova guerra mundial e em certos segredos que foram, aos poucos, sendo revelados pelos Papas.

Entre as recomendações estão os insistentes pedidos de muita oração e penitência pela paz, pela conversão dos pecadores e, especificamente, a oração diária do Terço, a participação e Comunhão nos primeiros sábados de cada mês. As aparições de 1917, portanto, centraram-se na contemplação de Cristo pela oração do rosário, na penitência que nos purifica e fortalece, e na Eucaristia, presença de Cristo vivo entre nós, alimento para a caminhada em direção às alegrias do céu.

A Igreja é muito cautelosa em reconhecer fenômenos desta natureza, mesmo porque, centenas de algo parecido surgem frequentemente em muitas partes do mundo. Cabe a ela examinar com atenção e emitir declaração sobre a veracidade dos fatos. Contudo, em alguns casos as evidências são tantas e a coerência dos relatos tão inconfundíveis, que, por justiça e amor à verdade, ela só pode declarar serem autênticos.

Tais casos, contudo, são raros. Um dos critérios utilizados para reconhecer a autenticidade das aparições são a coincidência com fenômenos bíblicos desta natureza e a concordância com as revelações contidas nas Sagradas Escrituras, mormente aquelas anunciadas por Cristo. A Bíblia narra várias aparições de pessoas falecidas e vivas, de forma gloriosa, no céu, sendo a mais importante a Transfiguração do Senhor, quando Moisés e Elias foram vistos pelos três apóstolos escolhidos, Pedro, Tiago e João, ao lado de Jesus cujo corpo tomou forma sobrenatural (cf Mt 17, 1-9; Mc 9,2-8; Lc 9,28-36; II Pedro 1,16-18).

Quanto às revelações, examina-se se o que é transmitido aos viventes nada acrescenta à revelação de Cristo, mas apenas as reforce e as valorize. Tais fenômenos, contudo, não obrigam em questão de fé, sendo recomendadas, mas não impostas como dogma.

No caso de Fátima, depois de sérias análises e pesquisas, testemunhos de muitas pessoas, e, sobretudo de Lúcia, além das autoridades eclesiásticas e civis da época, as aparições foram reconhecidas como autênticas pela Igreja e a devoção vivamente aconselhada aos féis.

O mais importante é o significado dos fatos ocorridos e seus efeitos positivos na vida dos féis e na missão da Igreja. No caso, Maria aparece como missionária do Pai, revestida com vestes brancas, símbolo da paz, numa ocasião de guerra mundial, para recomendar oração, penitência, conversão e busca sincera da concórdia, da justiça para todos, sobretudo para com os pequeninos e humildes simbolizados na pureza de três crianças.

Destaca-se nas aparições de Fátima a oração do Rosário, de profundo sentido cristológico, porquanto leva o fiel a contemplar o rosto de Cristo com o olhar de Maria, como se expressou São João Paulo II em sua Exortação Apostólica Rorarium Virginis Mariae, aos 16 de outubro de 2002.

Ao referir-se a esta histórica prática orante, escreveu: A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial. Foi no seu ventre que se plasmou, recebendo dela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria. Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando o concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente o dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2, 7). Desde então o seu olhar, cheio sempre de reverente estupor, não se separará mais dele (RVM 16.10.2002).

A referida Exortação foi escrita quando Papa celebrava seus 25 anos de pontificado, depois de ter sofrido atentado contra sua vida no dia 13 de maio de 1981, 64º aniversário das aparições de Fátima.

Ao ensejo das celebrações centenárias, coube a Papa Francisco canonizar os dois pastorinhos Francisco e Jacinta, em espera, sem dúvida, de o mesmo poder realizar, à sua hora, a com Irmã Lúcia dos Santos, a vidente falecida aos 13 de fevereiro de 2005.

Na Catedral de Juiz de Fora, as celebrações se deram no sábado, dia 13 de maio, às 15 horas e foram transmitidas pela WebTV www.avozcatolica.com.br.

Louvores a Deus e a Virgem Santa Maria!


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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