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Comunicar esperança e confiança em nosso tempo

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Para celebrar o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais, no domingo passado, o Papa Francisco escolheu como tema a frase do Profeta Isaías que diz: “Não tenhas medo, que estou contigo” (Is. 43, 5). Com esta afirmação bíblica, conclamou os agentes e profissionais da comunicação a “Comunicar esperança e confiança em nosso tempo” na promoção de uma cultura do encontro, onde se objetive eliminar desavenças, concorrências desleais, e desânimo. Afirmou o Papa: “A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade”.

Preocupado com a predominância de notícias más na mídia, propõe uma verdadeira conversão nos métodos, sem, contudo, negar a exposição da realidade ainda que dolorosa. Escreveu: “Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas «notícias más» (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas). Não se trata, naturalmente, de promover desinformação onde seja ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num otimismo ingênuo que não se deixe tocar pelo escândalo do mal. Antes, pelo contrário, queria que todos procurássemos ultrapassar aquele sentimento de mau-humor e resignação que muitas vezes se apodera de nós, lançando-nos na apatia, gerando medos ou a impressão de não ser possível pôr limites ao mal. Aliás, num sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero”.

Recordando que a palavra “evangelho” significa “boa-notícia”, propõe em sua mensagem a olhar para Cristo como personificação desta verdade, a fim de que todo ato comunicador possa se espelhar nele que, apesar de passar por sofrimentos e a morte, deu a tudo o que fez e que viveu um sentido não derrotista, mas positivo, proclamando com sua ressurreição a vitória do bem sobre o mal. Quanto a isso, assim se expressou: “Para nós, cristãos, os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1, 1). E ainda: “Esta boa notícia, que é o próprio Jesus, não se diz boa porque nela não se encontra sofrimento, mas porque o próprio sofrimento é vivido num quadro mais amplo, como parte integrante do seu amor ao Pai e à humanidade”.

As parábolas foram recursos que Cristo utilizou para a comunicação das mais profundas verdades. Através delas se pode encontrar clareza sobre os mais importantes conceitos. Nas contradições em que vivemos no mundo de hoje, encontramos os que comunicam o bem e os que na comunicação semeiam o mal, provocam rancor, incentivam ao ódio, contudo, “o Reino de Deus já está no meio de nós, como uma semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no silêncio. Mas quem tem olhos, tornados limpos pelo Espírito Santo, consegue vê-lo germinar e não se deixa roubar a alegria do Reino por causa do joio sempre presente”.

O tema da esperança nos é muito caro nestes tempos conflitivos do Brasil de hoje. A comunicação, seja no ambiente eclesial, seja na sociedade em geral, deve gerar confiança e esperança. Nunca desanimar e nem perder a esperança. “A esperança fundada na boa notícia que é Jesus faz-nos erguer os olhos e impele-nos a contemplá-Lo no quadro litúrgico da Festa da Ascensão. Aparentemente o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade são os horizontes da esperança que se alargam”.

O Papa tem plena convicção de que um dia, já nesta terra, poderemos gozar de situação melhor, se nos deixarmos iluminar por Cristo e seu evangelho no trabalho das comunicações sociais: "A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar”.

A esperança é o caminho, o fio com que se tece esta história sagrada, é a esperança, e o seu tecedor só pode ser o Espírito Consolador.

Neste Brasil de hoje, onde está difícil acreditar em partidos políticos, em liderança governamental, a mensagem do Papa vem trazer sinal de esperança nos meios de comunicações sociais e em todos os corações dos brasileiros.

Dom Gil Antonio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Bispo Referencial para a Comissão de Comunicação e Cultura do Regional Leste 2 da CNBB

 

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