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Eucaristia: a festa da partilha

A festa exalta a presença de Jesus nas espécies eucarísticas. Ao instituir a Sagrada Eucaristia, Cristo, que é luz dos povos, nos dá uma extraordinária lição de muitos elementos, ensinamentos, conceitos e conclusões. Como sublime mistério de amor, o mais alto de todos os sacramentos, como ensina Santo Tomás de Aquino, se revela como o resumo de todas as pregações do Mestre e a imagem acabada de toda a vida do Salvador.

 

Às véspera de sua morte, o Senhor tomou o pão e disse “Isto é meu Corpo” e aconchegando o cálice no calor de suas mãos, diz sobre o vinho: “este é o cálice de meu sangue que será derramado por vós e por muitos”. Concluiu o sagrado rito com a doce ordem: “todas as vezes que fizerdes isto, fazei-o em memória de mim”.

 

Que mais o Senhor poderia nos dar, depois de oferecer seu corpo e sangue para ser o nosso alimento salutar no caminho que nos leva ao banquete da eternidade? Seus milagres são partilha de amor para com os que precisavam se curar de enfermidades, de abrir olhos à cegueira, de desimpedir ouvidos mocos, de endireitar-se quando coxos, e até de ressuscitar da imobilidade da morte. Suas palavras são doação dos ensinamentos mais sublimes que as pessoas humanas precisam ouvir, revelação da verdade suprema. Sua paixão e morte na cruz são expressões inconfundíveis de amor à humanidade necessitada de libertar-se do pecado e da morte eterna.

 

Eucaristia é festa da partilha, pois assim como o Senhor nos doou sua própria vida, nos ensina a desapegar-nos de nossos bens, de nosso egoísmo, e nós mesmos e aprendermos a repartir o que recebemos através de nosso trabalho. Eis a lição contida na oferta do dízimo que traduz a leveza do coração agradecido e a consciência de quem sabe que tudo o que obtém na vida profissional não é somente fruto de seus esforços, mas é antes presente amoroso de Deus que lhe dá forças de trabalhar.

 

Portanto, devemos tirar do que temos ao menos dez por cento para devolver a Deus como sinal de nosso reconhecimento. Se não o fazemos, passamos a ser escravos de nossas produções e o pão que comemos com suor de nosso rosto passa a ser amargo em nosso estômago e pode um dia envenenar nossa vida.

 

Na Eucaristia está contida toda oferta dada de bom coração, toda caridade praticada aos que têm menos do que nós, sem a preocupação de que outros vejam o que estamos fazendo de bom, pois isso seriam farisaísmo mesquinho e veneno mortífero para o bem que realizamos.

 

Eucaristia é doação tão sublime que se transforma em presença viva embora invisível, mas real e eterna.

 

A Arquidiocese de Juiz de Fora, ao inaugurar e benzer o Edifício Christus Lumen Gentium, Centro Arquidiocesano Administrativo Pastoral, na próxima festa de Santo Antônio, reveste-se de mantos eucarísticos para celebrar o dom de Deus e o gesto de partilha de irmãos que no anonimato quiseram fazer comunhão de fé com os fiéis juiz-foranos.

 

Eucaristia é ação de graças por excelência e ao celebrar Corpus Christi, e posteriormente fazer memória de Santo Antônio, mentes e corações se elevam para dizer ao Pai: obrigado pela oferta de Seu Filho que nos veio pela força do Espírito Santo e que se dou inteiramente por nós e continua se doando a cada dia, nos altares de cada missa e nos gestos de coparticipação dos fiéis na vida eclesial.

 

Aos doadores do Edifício Christus Lumen Gentium, o reconhecimento da comunidade arquidiocesana e a gratidão pelo exemplo de autêntica partilha eucarística.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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