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Jubileu de Prata Episcopal: quantas graças devo a Deus!

doc00253020240517131129São passados 25 anos daquele dia 16 de outubro de 1999, quando recebi a Ordenação Episcopal. Em minha memória estão ainda bem vivas as emoções daqueles tempos em que Nosso Senhor, embora sem méritos de minha parte, me escolheu, me ungiu e me enviou para o serviço apostólico. Após receber a carta daquele que é hoje São João Paulo II, no dia 30 de junho anterior, depois de consultar meus orientadores espirituais e rezar durante os três dias subsequentes, e vindo à minha memória as palavras de São Pedro a Nosso Senhor, Tu sabes que te amo (Jo 21,17), enviei ao Sucessor de Pedro minha carta de aceitação. Com muita tranquilidade e paz na alma, me dispus nas mãos de Deus para o que ele determinasse para o resto de minha vida, escolhendo para lema episcopal, justamente aquelas palavras de Pedro: Scis Amo Te.

Fiquei em São Paulo por cinco anos como Bispo-Auxiliar. Depois, fui nomeado Bispo Diocesano de Jundiaí, onde permaneci de 15 de fevereiro de 2004 a 28 de janeiro de 2009. Por fim, fui enviado pelo Papa Bento XVI para ser Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, onde me encontro, feliz, desde 28 de março de 2009.

Em cada lugar por onde tenho passado, tenho vivido experiências cheias de surpresas agradáveis, e também de desafios às vezes muito exigentes. Posso, contudo, afirmar, diante do altar de Deus, que tem sido anos cheios de maravilhosas bênçãos, nos quais tenho visto, a olho nu, a ação da graça de Deus.

Em São Paulo, que antes não conhecia, pude encontrar um mundo novo, com gente excelente que foi, de forma veloz, me acolhendo com simpatia e me mostrando um campo totalmente diferente de tudo o que havia conhecido antes na Igreja. Descobri uma comunidade de gente boa e determinada dentro de um mundo urbano de milhões de habitantes provenientes das mais variadas partes do Brasil e do mundo, num Somatório de culturas e valores muito variados. Guardo no coração a lembrança viva daquele bom povo de São Paulo!

Entre tantas experiências belas que tive no período em que vivi na capital paulista, destaco uma das mais tocantes, quando acompanhei um grupo de peregrinos a Portugal para a beatificação dos Meninos de Fátima, naquele dia 13 de maio do Ano Santo de 2000. Para minha surpresa, na missa de concelebração com São João Paulo II, quando virei-me para o abraço da paz, estava logo atrás de mim, ninguém menos ninguém mais que a Irmã Lúcia, vidente de Nossa Senhora. Ela humildemente me pediu a bênção, me disse que um de seus irmãos morava em São Paulo, e suplicou que eu rezasse por ele e também por ela. Foi para mim emocionante, pois desde muito criança, havia em meu coração viva devoção a Nossa Senhora de Fátima, por causa de uma pequena imagem dela que ganhei de minha tia Nem, quando eu tinha de 4 para 5 anos. Foi edificante perceber que entre o rebanho ao qual servia como Bispo Auxiliar havia o irmão de uma das videntes de Fátima. Além disso, recordei-me que minha apresentação solene como Bispo Auxiliar, no ano anterior, se deu na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Sumaré, na região central da cidade paulistana.

Em Jundiaí, fiz uma das experiências mais belas, mais marcantes de minha vida. Nem poderia relatar aqui tantas coisas maravilhosas, tantas pessoas que ficaram marcadas indelevelmente em meu coração, tantas alegrias que vivi no pastoreio daquela Igreja tão viva e tão cativante. Quando fui para lá, recebi, de um bispo, um cumprimento, por telefone, com esta expressão: Você foi agraciado; a Diocese de Jundiaí é um filé-mignon na Igreja do Brasil. Só posso dizer que a expressão é mesmo exata. Foram cinco anos inesquecíveis. Que saudades de Jundiaí!

E de Juiz de Fora que, praticamente, também não conhecia até aquele dia em que tomei posse na linda Catedral, só posso dar louvores a Nosso Senhor. Aqui tive, sim, que enfrentar, no começo, alguns calvários que eu não esperava, mas que me fizeram sentir sobretudo a solidariedade da grande maioria do clero e desse bom povo que aqui peregrina nos caminhos de Deus. Talvez por causa destas provações, onze meses depois da posse, caí gravemente doente e pensei que fosse o fim. Mas Deus não quis me levar e devolveu-me ao ministério. Quando voltei do hospital Oswaldo Cruz, de São Paulo, depois de uma perigosa cirurgia que durou onze horas, tive a impressão de que havia renascido e, misteriosamente, reenviado para a querida Igreja Juiz-forana. Por coincidência, na primeira reunião do clero, poucos dias depois do retorno, ainda em convalescença, foi rezado de forma comunitária, na hora litúrgica, o Salmo 117, que é um canto de ação de graças depois de uma grande provação. Sobretudo, o versículo 17 me tocou a alma: Não morrerei, mas viverei e cantarei as obras do Senhor; o Senhor me provou severamente, mas não me entregou à morte. Depois de passar por situações inexplicáveis e inesperadas, pude, de fato, constatar a mão de Deus e dizer com fé: O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam, pelo que verei cumprido o meu desejo sobre os que me atacam. Descobri que era oportunidade de vivenciar concretamente as três categorias de sofrimentos de Cristo: a física, a moral e a espiritual.

Aquelas situações dolorosas dos primeiros tempos, contudo, foram totalmente superadas pelas alegrias imensas que pude experimentar com ajuda de tantos padres, diáconos, seminaristas e uma multidão de leigos das 37 cidades que compõem a Arquidiocese. Isto me faz constatar que tudo é por Deus e para Deus, pois ele nos precede, nos ampara, nos ajuda a toda hora e nos conduz pela mão também no vale escuro, nos dando segurança com seu cajado e nos conduzindo para águas mais tranquilas e pastos verdejantes.

Quando me despedi de Jundiaí para vir para Juiz de Fora, a Câmara Municipal daquela cidade me fez uma simpática homenagem, ao fim da qual um nobre vereador evangélico e meu particular amigo disse que sentia minha saída daquela cidade, mas que eu partisse com confiança, pois Deus estaria no comando. De fato, venho repetindo, em minha mente e em meu coração, a cada vez que sou provado e em cada vez que me alegro com as vitórias, que Deus está no comando. Os dois sínodos e as inúmeras iniciativas pastorais, espirituais, comunitárias e administrativas que essa linda Igreja tem me proporcionado são para mim um grande, um enorme presente que Deus me tem oferecido, não obstante minhas grandes fragilidades, minha pequenez que conta apenas com minha fé inabalável, minha boa vontade e minha confiança total no Senhor. Afinal, a primeira cena que veio ao meu coração quando resolvi dizer sim ao chamado da Igreja para o episcopado, como referido acima, foi a do diálogo entre Cristo Ressuscitado e o Apóstolo Pedro, de onde retirei meu lema que repito todos os dias, no silêncio de minha alma, contemplando Nosso Senhor diante de mim: Senhor, Tu sabes todas as coisas; Tu sabes que eu te amo (Jo 21,17).

Marca minha caminhada vocacional, de forma eloquente e bela, a oração diária do Terço de Nossa Senhora desde criança. Tem sido para mim um carinhoso afeto da Mãe de Jesus, a missão de acompanhar, já há 12 anos, o extraordinário movimento do Terço dos Homens, como Bispo Referencial da CNBB. Que extraordinária graça!

Como o de Maria, meu coração exulta de alegria em meu Deus, agradecendo pelos 25 anos de caminhada episcopal, quando já entro no processo de despedida, em contagem regressiva, para a emeritude daqui a um ano, quando muito feliz entregarei à mãe Igreja a missão de pastoreio, cheio de amor e gratidão ao Bom e Eterno Deus por tudo o que me proporcionou e continua proporcionando em seu amor.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Ide e convidai para o banquete do Reino a todas as criaturas!

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A mensagem do Papa Francisco para o 98º Dia Mundial das Missões reflete sobre a Parábola do Banquete em (Mt 22,9). De fato ela sintetiza a ação missionária em três atitudes fundamentais. Primeiro : Ir ao encontro e convidar, que expressam uma Igreja em saída motivada e inspirada pelo amor e esperaņça gerados pela confiança de um Pai misericordioso que nos impulsiona e nos faz transbordar na Força do seu Espírito. A segunda o conteúdo fascinante da missão: o banquete da plenitude e da comunhão com Deus, dimensão escatológica e já presente na eucaristia que celebramos. Utopia de alcançar a herança da filiação divina e da fraternidade em Cristo com todas as pessoas e criaturas. A terceira atitude nos recorda a universalidade e abrangência total da missão, todos e absolutamente todos estão convidados e certamente questiona os reducionismos e preconceitos que não raro excluem pessoas, as estigmatizam e as fazem sentir-se inferiores ou não merecedoras do amor de Deus. Esta mensagem nos convida também a nós que queremos apesar de nossas falhas e limitações tornarmo-nos em missionários do seu amor e ternura. Que o Senhor e fonte de toda missão e envio nos liberte e desperte de toda apatia, indiferença ou acomodação, rompendo e furando bolhas, muros e amarras que nos impedem de anunciar com alegria a Jesus e tornar nos Evangelizadores no Espírito. Como missionários e peregrinos da esperança que não decepciona, como cuidadores e guardiões da Criação, construtores da paz e promotores do diálogo, descubramos sempre a alegria de evangelizar e partilhar com todos/as a perola de infinito valor, Jesus Cristo, caminho verdade e vida, a beleza e o sentido pleno de nossa existência. Louvado seja Deus!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Campanha Eleitoral

BANNER ELEIÇÕES 2024 AZULNão podemos esperdiçar os espaços onde é possível formar a consciência cívica, social e religiosa das pessoas, nos diversos aspectos da vida humana. O voto é um dos atos sagrados na vida dos cidadãos, porque expressa atitude de liberdade e de responsabilidade para com a sociedade. É questão de compromisso com o verdadeiro sentido e a qualidade de vida de todos, no espaço de convivência.

Dizemos que é o Senhor quem sustenta a vida humana. Mas Deus espera das pessoas atitudes que geram harmonia social e vida digna, que só acontecem quando todos assumem juntos o que é necessário para essa realidade. Significa deixar de lado as paixões vazias, causadoras de votos interesseiros, para viver o amor e a fraternidade, contribuindo com o bem de todos.

Votar no “meu” candidato pode não ser a melhor opção no momento, aquela que deveria beneficiar a todos. O voto deve estar acima de qualquer interesse particular porque, na visão bíblica, “o primeiro na comunidade deve ser o servo de todos” (cf Mc 9,35). Não servo de um interesse excludente, que não beneficia a maioria. O poder político não pode ser campo de vaidade, mas de serviço.

No campo político podemos identificar duas formas de agir: ou prática de justiça, de forma sábia, ou de injustiça, dolosa. Tudo aqui depende da identidade pessoal, tanto do candidato a ser eleito, como daquele que vota, poque exige de ambos, responsabilidade. A hora é de colocar em prática a sabedoria divina, que é “pura, pacífica, modesta, conciliadora, misericordiosa e gera bons frutos” (Tg 3,17).

Os comícios e contatos corpo a corpo marcam a Campanha Eleitoral, mas não basta para conhecer bem o perfil do candidato, principalmente daquele que aparece apenas nesses momentos. Olhar também a história de sua vida pregressa, como age na comunidade, na família, nos negócios etc. Há um ditado popular que diz assim: “Quem é falso no pouco, será também no muito”.

Jesus é exemplo de um bom candidato, porque doa sua vida até a cruz. Ele não tinha pretensões ambiciosas e nem interesse por vultosos salários. Alguns dos discípulos não entenderam a política de Jesus e discutiam para saber quem seria o maior entre eles. Isto é o perigo do mal político, porque olha para si e não para as necessidades da comunidade, e será um prejuízo para todos.


Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

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